Palco do Mundo

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E, de repente, ela se viu vivendo.
Era como se os últimos vinte e um anos de sua existência tivessem passado sem uma consciência clara do que representavam: eles tinham apenas acontecido, como aconteceram.


E então, de súbito, ela se percebeu atuando em uma realidade que criara para si mesma; uma realidade que a tomava nos braços e a guiava em uma dança infinita.
Nesse momento, parada em um lugar qualquer, ela enfim percebia o mundo a sua volta pela primeira vez em consciência plena.

As cigarras entoavam seu canto eterno, os passarinhos voavam no céu acima de sua cabeça, o calor envolvia seu corpo como um cobertor que envolve uma criança. A música que ela ouvia trazia memorias distantes que brincavam com seus sentidos.

As forças que a guiavam dia após dia pareciam nesse instante não terem um impacto sobre seu existir. E se todas as suas ideologias fossem apenas ilusões que criavam uma peça de teatro chamada Vida em que ela era a protagonista sem se dar conta de que estava atuando?

De qualquer forma, viver era maravilhoso. Seus pulmões se enchiam com o ar que a mantinham em movimento constante nesse universo que não escolheu, mas que de alguma forma a moldava.

Talvez seu primeiro impulso fosse querer quebrar com todas essas amarras sociais que ela não teve a opção de revogar; mas de alguma forma ela sabia que essa atuação também era importante para essa existência específica.

Deveria, portanto, encontrar um equilíbrio entre um mundo externo agitado, impetuoso e que se projetava sempre para cima; e um mundo interior silencioso e intuitivo que mergulhava cada vez mais nas profundezas de seu próprio ser.

O que mais importava, de qualquer forma, era manter essa consciência da plenitude do infinito que a cercava, em todos os momentos seguintes.

Sim, cada situação necessitaria uma roupa especifica para montar um papel a ser seguido, mas sua essência deveria permanecer atenta ao momento (sempre o Agora, como se passado e futuro fossem ventos distantes que agitavam levemente seus cabelos, mas não a tiravam do lugar).

Atenta a cada oportunidade, cada porta aberta em seu caminho, e decidindo, portanto, ser dona de si mesma e entrar nas portas, fechando outras que já representavam capítulos completos de sua historia.
Afinal, seu livro estava sendo escrito, e cada palavra contida nele trazia um sussurro de uma grande viagem ainda se formando.
E para manter o equilíbrio no fio que era viver, dependia apenas dela mesma encontrar a paz e a sabedoria, já existentes dentro de si.

E, de repente, ela se viu vivendo.

E desejou apenas que seus passos fossem de encontro com seu destino e que o mundo se fizesse um novo palco a cada dia. 


"PALCO DA VIDA

Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo.

E você pode evitar que ela vá a falência.

Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você.

Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.

Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.

Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza.

Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos.

Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um não.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós.

É ter maturidade para falar eu errei.

É ter ousadia para dizer me perdoe.

É ter sensibilidade para expressar eu preciso de você.

É ter capacidade de dizer eu te amo.

É ter humildade da receptividade.

Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz . . .

E, quando você errar o caminho, recomece.

Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita.

Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância.

Usar as perdas para refinar a paciência.

Usar as falhas para lapidar o prazer.

Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

Jamais desista de si mesmo.

Jamais desista das pessoas que você ama.

Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo . . ."

(Fernando Pessoa)

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