Palco do Mundo
11:34
E, de repente, ela se viu
vivendo.
Era como se os últimos vinte
e um anos de sua existência tivessem passado sem uma consciência clara do que
representavam: eles tinham apenas acontecido, como aconteceram.
E então, de súbito, ela se
percebeu atuando em uma realidade que criara para si mesma; uma realidade que a
tomava nos braços e a guiava em uma dança infinita.
Nesse momento, parada em um
lugar qualquer, ela enfim percebia o mundo a sua volta pela primeira vez em consciência
plena.
As cigarras entoavam seu
canto eterno, os passarinhos voavam no céu acima de sua cabeça, o calor
envolvia seu corpo como um cobertor que envolve uma criança. A música que ela
ouvia trazia memorias distantes que brincavam com seus sentidos.
As forças que a guiavam dia após
dia pareciam nesse instante não terem um impacto sobre seu existir. E se todas
as suas ideologias fossem apenas ilusões que criavam uma peça de teatro chamada
Vida em que ela era a protagonista sem se dar conta de que estava atuando?
De qualquer forma, viver era
maravilhoso. Seus pulmões se enchiam com o ar que a mantinham em movimento
constante nesse universo que não escolheu, mas que de alguma forma a moldava.
Talvez seu primeiro impulso
fosse querer quebrar com todas essas amarras sociais que ela não teve a opção de
revogar; mas de alguma forma ela sabia que essa atuação também era importante
para essa existência específica.
Deveria, portanto, encontrar
um equilíbrio entre um mundo externo agitado, impetuoso e que se projetava
sempre para cima; e um mundo interior silencioso e intuitivo que mergulhava
cada vez mais nas profundezas de seu próprio ser.
O que mais importava, de
qualquer forma, era manter essa consciência da plenitude do infinito que a
cercava, em todos os momentos seguintes.
Sim, cada situação necessitaria uma roupa especifica para montar um papel a ser seguido, mas sua essência deveria
permanecer atenta ao momento (sempre o Agora, como se passado e futuro fossem
ventos distantes que agitavam levemente seus cabelos, mas não a tiravam do
lugar).
Atenta a cada oportunidade,
cada porta aberta em seu caminho, e decidindo, portanto, ser dona de si mesma e
entrar nas portas, fechando outras que já representavam capítulos completos de
sua historia.
Afinal, seu livro estava
sendo escrito, e cada palavra contida nele trazia um sussurro de uma grande viagem
ainda se formando.
E para manter o equilíbrio no
fio que era viver, dependia apenas dela mesma encontrar a paz e a sabedoria, já
existentes dentro de si.
E, de repente, ela se viu
vivendo.
E desejou apenas que seus
passos fossem de encontro com seu destino e que o mundo se fizesse um novo
palco a cada dia.
"PALCO DA VIDA
Você pode ter defeitos,
viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua
vida é a maior empresa do mundo.
E você pode evitar que ela
vá a falência.
Há muitas pessoas que
precisam, admiram e torcem por você.
Gostaria que você sempre se
lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem
acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.
Ser feliz é encontrar força
no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz não é apenas
valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza.
Não é apenas comemorar o
sucesso, mas aprender lições nos fracassos.
Não é apenas ter júbilo nos
aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale
a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser
vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora
de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada
manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos
próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um
não.
É ter segurança para receber
uma crítica, mesmo que injusta.
Ser feliz é deixar viver a
criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós.
É ter maturidade para falar
eu errei.
É ter ousadia para dizer me
perdoe.
É ter sensibilidade para
expressar eu preciso de você.
É ter capacidade de dizer eu
te amo.
É ter humildade da
receptividade.
Desejo que a vida se torne
um canteiro de oportunidades para você ser feliz . . .
E, quando você errar o
caminho, recomece.
Pois assim você descobrirá
que ser feliz não é ter uma vida perfeita.
Mas usar as lágrimas para
irrigar a tolerância.
Usar as perdas para refinar
a paciência.
Usar as falhas para lapidar
o prazer.
Usar os obstáculos para
abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas
que você ama.
Jamais desista de ser feliz,
pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de
fatores a demonstrarem o contrário.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou
construir um castelo . . ."
(Fernando Pessoa)
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